São cidades vazias, a população foi embora, fruto do descaso social, do ser humano, seja pela sua ambição, desejo de poder, ou descaso dos seus  governantes. A população das cidades a procura de locais mais acessíveis de viver, se deslocando a procura de terras, com água limpa e segurança, sem intoxicação  alimentar, problemas respiratórios e cardiovasculares.

Na atualidade também podemos mencionar outro fator do esvaziamento das cidades: os motivos advindos das guerras. Como exemplo, a guerra da Ucrânia foi e é alvo de circunstâncias devastadoras, destruindo a arquitetura física das cidades, causando o deslocamento urgente de mulheres, crianças e velhos em busca de novas fronteiras. Já num contexto mundial, em 2019, algo que causou no planeta esvaziamentos   das  cidades foi a presença do COVID-19, o vírus que deixou o planeta em silêncio e a população reclusa em razão da contaminação.

Pensando nesses cenários distópicos, imaginados a partir de cenas do presente, escrevi o texto poético sobre as pinturas da série Destruição. A série aborda temas sociais relacionados às mortes, seja pelo número de mortos, causados por diversos fatores na atualidade, refletindo as preocupações urgentes da humanidade.

Capturo a essência do desespero e da vulnerabilidade diante das forças que causam destruição e calamidade. Os traços fortes e tons escuros da pintura intensificam a angústia e o desespero presentes nessas imagens. Ao explorar esses temas destrutivos, minha série pretende despertar consciência e incentivar o debate sobre as ações necessárias para enfrentarmos nossos desafios como sociedade.

A obra Contagem possui um viés político social e prova a indignação de muitos. Nela, a figura  de mulher é representada com traços  fortes e com suas vestes carimbadas por números sobre a cor vermelha, que simboliza a quantidade de mortes - seja pelos  vitimados pela infecção  do Vírus da Covid 19, seja pelas mortes de homens inocentes da Guerra da Ucrânia. Neste rosto feminino, também há uma máscara, que durante a pandemia servia para evitar a contaminação, mas que aqui pode ser interpretada como uma forma de amordaçar e silenciar as mulheres com seus filhos, concentrados na fuga de modo calado e silente.

Também trago nesta série pinturas relacionadas a destruição do planeta pelas  intempéries do clima associadas às grandes preocupações da humanidade, resultado  do descaso com as queimada e desmatamentos das florestas, da grande quantidade de ozônio dispersa na atmosfera e das toneladas de lixo inorgânico atirados nas costas litorâneas. Ali está o casal com suas cabeças já imersas no vapor das grandes ondas furiosas, onde a cor cinza se mistura com seus corpos atônitos, equilibrados  entre os ventos contrários e seus pés, presos ao lixo  marrom na areia. 

O caos está ali, não há nada a fazer. É chegada a destruição!
 

Ita stockinger – Artista visual 
2023 – Brasil/ RS

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Habitantes Noturnos

70 x 70 cm